29/05/2007

Influência do resfriamento e do aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais

RESUMO

OBJETIVO: O propósito deste estudo foi analisar os efeitos do resfriamento e do aquecimento sobre a flexibilidade dos músculos isquiotibiais, observando os efeitos agudos e crônicos.

MÉTODOS: Quarenta voluntários foram aleatoriamente incluídos em um dos quatro grupos (n=10): 1) grupo controle; 2) grupo alongamento (técnica sustentar-relaxar) para os músculos isquiotibiais, por duas semanas consecutivas; 3) grupo alongamento precedido da aplicação de crioterapia (25 minutos) na região posterior da coxa e 4) grupo alongamento precedido de aquecimento com diatermia por ondas curtas (25 minutos). A avaliação da flexibilidade muscular foi realizada através de uma prancha acoplada a um sistema de goniometria, especialmente preparada para avaliar o ângulo extensor do joelho.

RESULTADOS: Os três grupos experimentais aumentaram significativamente a ADM em relação ao grupo controle. Os ganhos médios diários, considerados efeitos agudos, mostraram diferenças significativas em favor do grupo submetido ao resfriamento, quando comparado aos demais (aumento de 2,6 ± 0,9°, 4,3 ± 1,5° e 2,4 ± 0,7° para os grupos 2, 3 e 4, respectivamente, p= 0,008). Em relação aos efeitos crônicos, não foi observada diferença significativa entre os três grupos experimentais, embora todos diferiram do controle (aumento de 1,5 ± 0,5°, 11,1 ± 6,1°, 14,4 ± 5,4° e 14,4 ± 6,2°, para os grupos 1, 2, 3 e 4, respectivamente).

CONCLUSÕES: Sessões de alongamento, aplicadas diariamente, aumentaram significativamente a flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Os efeitos agudos foram maiores no grupo submetido ao resfriamento, quando comparado aos grupos somente alongado ou aquecido. Os efeitos crônicos não foram influenciados pelo aquecimento nem pelo resfriamento.
O presente estudo, dentro das condições experimentais propostas, sugere que os efeitos agudos do alongamento são favorecidos pela aplicação do resfriamento com pacotes de gelo antes das manobras, não havendo diferença entre os grupos pré-aquecido ou apenas alongado. Os efeitos crônicos foram evidentes nos três grupos experimentais quando comparados ao controle, mas sem nenhuma diferença entre os grupos pré-resfriado, pré-aquecido ou apenas alongado. Assim, os dados obtidos não suportam o uso do resfriamento nem do aquecimento precedendo as manobras de alongamento, quando se deseja uma potencialização dos efeitos crônicos dessas manobras. Esses achados devem limitar-se a sujeitos com integridade no sistema neuromotor, não devendo ser extrapolados, por exemplo, para indivíduos com comprometimento neurológicos. Sugere-se que estudos semelhantes sejam realizados, sobretudo avaliando os efeitos do resfriamento e do aquecimento em pacientes submetidos ao processo de reabilitação.

Nenhum comentário: